quinta-feira, 24 de março de 2016

Se a máscara que me veste cair Toda a dor vai sumir? Sinto o mundo escorrer pelos meus dedos Meus olhos já não aguentam mais O meu coração se dilacerou Por dentro tá tudo cinza Para os que me olham Só a vida que segue Seu fluxo contínuo E o repuxo me puxou pra baixo Não enxergo nada daqui Tá tudo escuro Eu só queria poder fugir Sumir Desanuviar e desaguar no mar.

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

a vida é curta, passa rápido..
mais um ano inteiro passou diante de mim e eu nem sequer enxerguei um palmo à minha frente. a vida inteira nós vamos nos encontrar em situações que requerem muitos sacrifícios, e você vai se perguntar se aquilo vale a pena. mas quando as coisas realmente significam algo, você não vê como um sacrifício e essa pergunta não gira pela sua mente.
algumas pessoas ainda não entendem o sentido das coisas
mas se elas não entendem
é porque pra elas não tem sentido algum.

eu ainda acho engraçado que mesmo sendo um amor correspondido, a dor nunca vai embora. sempre vai haver um motivo que te faça chorar
até mesmo quando eu o vejo como algo lindo, meu olhos fazem chover
e dói, esse sentimento que cresce dentro de mim me traz dor. ´
é algo tão forte que às vezes eu sinto como se não fosse aguentar sentir tudo isso!
a gente vê tudo de um ângulo que deixa tudo parecendo complicado
mas a distância é realmente algo complicado. quando eu comecei com isso, alguém me disse "no momento em que você mais precisar, ele não vai estar aqui ao seu lado"
e eu falei, e daí?
e daí que é verdade.. existem certos momentos em que você precisa da presença daquela pessoa, do carinho, do abraço. e nada te satisfaria melhor do que aquilo
mas aquilo não tá aqui com você
aquilo tá há 1200 km de distância e você não pode fazer nada.

mas aquilo não pode ir embora de você
porque aquilo já se tornou parte de você, aquilo não quer ir embora
aquilo tem que ficar, e se ficar requer esperar mais dois anos nessa distância
eu não vejo como um sacrifício.

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

"Nunca precisei tanto de alguém como preciso de você, nunca desejei tanto um sorriso como desejo o seu, nunca esperei tanto por um beijo como espero pelo seu. Eu nunca fui tão eu mesma como sou com você. Perdão se às vezes meu jeito infantil de reagir te assusta ou te incomoda. Repito, é tudo novo para mim. Sinto-me uma criança confusa diante desse sentimento, sinto-me frágil diante do medo de te perder, sinto-me pequena diante da perfeição que a cada dia descubro em você, sinto-me cega diante da luz e magia que flui naturalmente dos seus olhos e do seu sorriso. Eu não sei o porquê de tudo isso. Não compreendo a imensidão do meu desejo. Desculpe pela infantilidade que te amar despertou em mim."

Caio Fernando Abreu

tudo o que ele escreve, leia-se: TUDO, é lindo.
"Mas acontece tipo assim: lembro do seu rosto, do seu abraço, do seu cheiro, do seu olhar, do seu beijo e começo a sorrir, é assim mesmo, automático, como se tivesse uma parte do meu cérebro que me fizesse por um instante a pessoa mais feliz do mundo, mas que só você, de algum modo, fosse capaz de ativar. Eu sei, é lindo. Mas logo em… seguida, quando penso em quão longe você está sinto-me despedaçar por inteira. Sabe a sensação de arrancar um doce de uma criança? Pois é, sou essa criança. E dói. Uma dor cujo único remédio é a sua presença. Então sigo assim, penso em você, sorrio, sofro e rezo, peço pra Deus cuidar da gente, amenizar essa dor e trazer logo a minha cura."

Caio Fernando Abreu

se ele não tivesse escrito esse texto, seria eu.. nesse momento.

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

queremos tantas coisas pra nós mesmos ao longo da vida, mas quando se chega ao primeiro nível da maturidade descobrimos que essas coisas são tão banais perto do que a vida realmente é, do que realmente é importante nela.. queremos mudar, queremos ser, queremos ter. eu me admiro com o que sou hoje. com o modo como penso, com o modo como eu vejo a vida. e perto disso eu vejo que as pessoas com quem eu convivo são tão imaturas, infantis e com pensamentos pequenos. e eu vejo que um dia eu fui como elas. mas cada um tem seu tempo. cada um muda com a necessidade que a vida lhe impõe de mudar.
acho engraçado, porque você passa meses convivendo com as pessoas e só depois se dá conta de que elas não são nada do que você imaginava, e você criou sentimentos que elas nem ao menos correspondem. nunca espere que os outros retribuam aquilo que você deu, nunca espere nada de ninguém.

terça-feira, 5 de outubro de 2010

eu me sinto tão confusa. ai, que sensação estranha.. acho que nunca me senti assim antes. os sentimentos estão desprendidos do meu coração e é impossível traduzí-los. você fugiu de mim, e isso não me machuca mais.. mas um dia, doeu. eu não sinto mais você por perto, eu não sinto mais a sua falta. mas existe um lugar aqui dentro que precisa ser preenchido. talvez você queira voltar um dia e eu deixe esse lugar reservado pra você plantar novas sementinhas. mas.. e se quando você resolver voltar e eu não me sentir confortável com isso? na verdade, eu já não sinto. eu não sei mais quem é você, o que você faz, ou mesmo do que você gosta. eu fiz questão de apagar tudo o que continha você da minha memória. eu fiz questão de excluir todos os bons momentos, e até os ruins. na verdade, eu fiz um bloqueio na minha mente com qualquer lembrança que envolva você. rs.

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

escrever em certos momentos é tão difícil.. o engraçado é que quando eu to em meio a sentimentos confusos, os meus dedos percorrem o teclado numa facilidade incrível!! e agora, nesse momento o sentimento soa tão claro dentro de mim que meus dedos ficam tão calmos.
meu coração e minha mente, enfim, se encontram em uma calmaria imensurável.
acho que você me faz bem.. é, faz sim!

quarta-feira, 28 de julho de 2010

acho que depois de tantos ganhos e tantas perdas, eu sinto medo de me entregar. porque mesmo com tantos vestígios ou até provas concretas de que isso é certo, o meu coração não quer desarmar. acho que nos momentos em que você me abraça ou me beija eu não consigo me render, e o que há dentro de mim é apenas uma barreira sólida. e é difícil eu deixar todo o meu orgulho e toda a minha armadura no chão por você!
tudo o que ontem pra mim era tão simples, hoje se tornou inquieto e até irritante.
não sei o que fazer diante de tantos orgulhos feridos.

quinta-feira, 15 de julho de 2010

meu coração hoje está totalmente desapegado. eu me sinto melhor assim, mas é como se tivesse um buraco dentro de mim. como se tivessem enfiado a mão e arrancado algo. e talvez fosse a parte boa que havia em mim. o pouco da bondade, do romantismo, ou qualquer outra coisa meiga que fizesse parte do meu ser. não venha cuspir na minha cara e gritar comigo, dizendo que eu sempre fui assim, que sou má, não tenho pena dos outros bla bla bla.. que isso nunca vai mudar, que EU nunca vou mudar! isso pode até ser verdade de vez em quando, mas eu não concordo! sou apenas inconstante. o pássaro que mora em mim não pode ser preso jamais! a minha liberdade não pode se prender a nada ou a ninguém durante muito tempo. eu preciso me distanciar de tudo o que me irrita ou enoja. porque só assim eu fico em paz!

sexta-feira, 9 de julho de 2010

tá difícil não pensar com esse turbilhão de coisas acontecendo na minha vida, não todas ao mesmo tempo, mas uma atrás da outra. quando creio que a calmaria vai chegar, acontece mais uma pra destruir a minha paz! é incrível como os sentimentos demoram pra se tornar pássaros libertos e voarem mundo afora. eu não me lembrava dessa agonia toda, das palavras entaladas prontas pra serem vomitadas. cadê a coragem nessas horas? o homem se torna um covarde diante os seus sentimentos mais obscuros, o orgulho ferido e um outro pronto pra ser ferido.. eu sempre fui de dar pra trás em certas coisas, fazer um roteiro todo, elaborar as falas, criar as cenas, ver o filme, e não é que a gente sempre acredita que vai ser igual? e quando chega a hora da estréia as mãos tremem, o suor frio, as pernas bambas e a maldita da coragem te fode mais uma vez!! aquela vontade de gorfar palavras entaladas fica maior e tão mais ansiosa que te atropela e você acaba falando coisas sem sentido e que nem estavam no script.


eu precisava tanto escrever pra ver se aliviava um pouco a minha angústia! dessa vez não tem dor, entende? eu acho que só ficou a raiva e as coisas bem mal entendidas de ambos os lados..

domingo, 4 de julho de 2010

é engraçado como pela primeira vez eu não consigo achar um encaixe perfeito, uma frase ou mesmo uma palavra que caiba em mim. eu tirei tudo do eixo, a inclinação já não é mais perfeita. e agora eu tenho que aguentar essas vozes azucrinando a minha mente! eu não quero mais ouvir, não quero mais pensar.. preciso deixar a minha mente livre e voar.


e como diz uma amiga, sentimento é um baguio doido mesmo!!!

segunda-feira, 28 de junho de 2010

será que o tempo pode nos levar até o fim da trilha? ou será que, a gente só vai levando as coisas mesmo.. deixando tudo ir, fluir. andando pelos trilhos, meio torto assim. se tudo fosse simples acho que as coisas seriam tão sem graça. eu não gosto da rotina. mas no fim das contas, eu sempre caio nela! a gente idealiza tanto as coisas que acaba sendo tudo diferente. sem tanta dor, sem tanto sofrimento. eu prefiro mesmo é o frio na barriga, as mãos suando, a sensação do nervosismo renascendo dentro de você. eu gosto mesmo é do perigo, do proibido. da coisas incertas, tudo bem fora da minha realidade.

sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

o tempo voa por um céu de tristezas
e as pessoas se vão com ele
é muito ruim ver como o mundo se separa
quantos caminhos nos levam a perdas sem sentido
e eu penso em todas as alegrias que cada um me deu
tantas lembranças..

e vira tudo passado.

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

estranho como a gente vê a merda dos outros
precisamos disso pra ver que existe merda pior que a nossa.

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

chove lá fora
e o céu agora é cinza
o vento forte carrega com ele flores e folhas pelo jardim.
chove aqui dentro
e uma tempestade começa a surgir
raios e trovões
e o céu que antes era colorido
agora é cinza
o vento forte carrega com ele todos os sentimentos mais belos do meu jardim.

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

arrependimento puro.

a minha dor é puro arrependimento
sofrimento amargo que desce pela garganta
mas eu só sinto o gosto azedo da lembrança
o doce saber da nostalgia.
saber que já esteve nesses braços
que os nossos lábios já se encontraram
em alguns desses dias quentes.
e pensar que eu ainda poderia tê-lo
afagar o seu rosto
ler seus pensamentos
me derreter a cada gesto
e carinho.
me encantar cada vez mais com seus olhos
verde oliva.
porém, tudo vira pó.
e só ficaram as suas pegadas
pesadas
sobre o meu chão de mágoas e arrependimentos frios.
e o que me resta agora
são sobras de um sentimento
mal sentido
de noites mal dormidas
do meu pretobranco-descolorido
e lembranças presas a um coração.
triste é o fim.
mas mais triste ainda é saber que tudo
teve um desenvolvimento lindo,
e que em um piscar de olhos eu destrui tudo
eu mesma acabei com toda a sua e a minha felicidade.
e pra que?
nem mesmo eu sei
nem mesmo eu sei
que tudo aquilo não passou de um sonho
lindo fruto da minha imaginação,
você bem que podia voltar outra vez ~

domingo, 8 de novembro de 2009

é quando você chega no fundo do poço que se pode ouvir o barulho do trem. e os olhos que você manteve fechados durante todo esse tempo, ao se abrirem se deparam com uma infinidade de luzes e cores lindas. e é no final do túnel que se encontram as coisas boas. sempre nessa ordem. na minha vida passa um furacão, e tudo o que eu deixei tão organizadinho de repente tá espalhado por toda parte. o vidro onde eu o conservava caiu e se quebrou. e tudo derramou. a pressa me fez desandar os trilhos e meus dedos se cortaram. sangrando por uns sete meses eu te encontrei. é sempre quando parece que tudo não vai ter um fim. toda a bagunça dentro de mim. você aparece pra arrumar tudo. e eu lhe retribuo com sentimentos frios. meu coração se tornou amargo e tem até uma armadura. me desculpe, isso é tão estranho. eu sei que você me acha estranha, mas se você entendesse o que eu vivi talvez não pensasse assim. isso tudo é proteção. ele não quer cair no chão mais uma vez e se quebrar.

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

e de repente, todos gritam à minha volta me pedindo pra voltar e não percorrer esse caminho. mas é o meu caminho, e eu o quero. eu não quero desistir de seguir em frente, quero continuar e tentar e tentar e tentar e tentar.. até não mais poder tentar. mesmo que eu gire em círculos, não vou parar. quero seguir essa trilha porque eu sei que no final do arco-íris tem um pote de ouro. e de baixo desse ouro todo eu encontrarei você com esses olhinhos verdes brilhando ao ver que fui eu, fui eu quem encontrou o pote. você não consegue esconder a alegria que sente ao me ver. eu sei que por trás desse orgulho ferido existe aquele sentimento que nós construímos juntos. você não me esqueceu, só tem medo que eu volte e faça tudo de novo. que eu jogue o cristal que é o nosso amor no chão, e ele espatife todo, e aí você vai sangrar, e aí eu vou sangrar, e o nosso cristal.. ah, o nosso pobre cristalzinho não vai poder se tornar prata ou ouro, ele vai ser um pobre cristalzinho quebrado a vida toda. mas não! eu já juntei seus caquinhos e tá tudo aqui, meu amor. e agora é diferente, eu te juro, eu te prometo, eu te mostro que tudo isso vai brilhar como nunca brilhou antes, isso tudo vai crescer de um jeito na gente que nem eu acreditarei. e vai ser tão lindo, tão lindo que nossos corações vão manter o sorriso por toda a nossa eternidade ~

sábado, 3 de janeiro de 2009

é bem sobre isso que eu quero lhe falar.. aquele assunto que deixamos intocado. você se lembra? eu ainda não entendo como você pôde ser tão fraco.
tudo bem então! se você quer deixar tudo por baixo dos panos mais uma vez.. a escolha é sua.
só não me culpe por ter desaparecido assim da sua vida, ou por ter jogado todas as suas coisas pela janela.

por favor, não fique pensando que quando eu lhe disse que cabíamos perfeitamente um no outro, eu estava mentindo.

quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

bem, eu sei que deveria estar me sentindo feliz como todos os outros hoje.
mas eu sai do padrão, mais uma vez. me perdoe! eu não tenho culpa.
é toda essa confusão dentro de mim.. e essa dúvida imensurável!
eu queria poder fugir da minha cabeça agora, e ir pro seu abraço quentinho. me sinto tão bem dentro dele.
é como não poder medir mais a quantidade de sentimentos misturados e confusos.
é como querer sair de um labirinto..
mas eu não encontro o caminho certo.

bem, de novo, eu só queria te abraçar agora.
mas eu não posso.

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

eu ainda estava arrumando toda a bagunça, recolhendo os cacos, tentando colar o que havia quebrado com aquela tempestade. era um trabalho duro e demorado. eu mal sabia se ia chegar até o fim de tudo aquilo e poder enxergar o chão mais uma vez. então, foi bem nessa hora que você apareceu. devagarinho, sentindo um pouco de medo daquela bagunça, talvez, me oferecendo ajuda. eu recusei é claro, pois eu não queria que você se assustasse assim comigo e com essa confusão que havia dentro de mim. eu não queria que você fugisse, precisava de um pouco mais de tempo pra eu poder me organizar e pôr tudo no lugar. mas você continuou insistindo até eu ceder. eu tinha medo de haver outra tempestade no meu caminho, que agora era meu e seu. não queria que você se machucasse outra vez, nem que eu me machucasse. éramos dois corações frágeis pulsando forte um pelo outro. delicados e intocáveis. e o meu medo de as coisas não serem como eu desejasse fez com que eu quisesse fugir de nós. mas eu não poderia fazer isso contigo, meu amor, logo você que apagou toda aquela dor que ainda corria entre as minhas veias. que em momento algum desistiu de me ajudar com essa desordem. eu não poderia, meu bem, não poderia te deixar sozinho no meio do caminho e fugir com a minha insensatez. eu fiquei, e as cores que você escolheu pra mim eram tão lindas, talvez as mais belas que já vi. e eu esperei que dessa vez, cada uma dessas palavras e sentimentos delicados, fossem protegidos com todo o cuidado. e ainda espero.

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

~

Canção de Amor da Jovem Louca

Sylvia Plath

Cerro os olhos e cai morto o mundo inteiro
Ergo as pálpebras e tudo volta a renascer
(Acho que te criei no interior da minha mente)

Saem valsando as estrelas, vermelhas e azuis,
Entra a galope a arbitrária escuridão:
Cerro os olhos e cai morto o mundo inteiro.

Enfeitiçaste-me, em sonhos, para a cama,
Cantaste-me para a loucura; beijaste-me para a insanidade.
(Acho que te criei no interior de minha mente)

Tomba Deus das alturas; abranda-se o fogo do inferno:
Retiram-se os serafins e os homens de Satã:
Cerro os olhos e cai morto o mundo inteiro.

Imaginei que voltarias como prometeste
Envelheço, porém, e esqueço-me do teu nome.
(Acho que te criei no interior de minha mente)

Deveria, em teu lugar, ter amado um falcão
Pelo menos, com a primavera, retornam com estrondo
Cerro os olhos e cai morto o mundo inteiro:
(Acho que te criei no interior de minha mente.)

domingo, 28 de setembro de 2008


IV

Se eu disser que vi um pássaro
Sobre o teu sexo, deverias crer?
E se não for verdade, em nada mudará o Universo.
Se eu disser que o desejo é Eternidade
Porque o instante arde interminável
Deverias crer? E se não for verdade
Tantos o disseram que talvez possa ser.
No desejo nos vêm sofomanias, adornos
Impudência, pejo. E agora digo que há um pássaro
Voando sobre o Tejo. Por que não posso
Pontilhar de inocência e poesia
Ossos, sangue, carne, o agora
E tudo isso em nós que se fará disforme?


Do desejo - Hilda Hilst 1992

terça-feira, 23 de setembro de 2008

I

Porque há desejo em mim, é tudo cintilância.
Antes, o cotidiano era um pensar alturas
Buscando Aquele Outro decantado
Surdo à minha humana ladradura.
Visgo e suor, pois nunca se faziam.
Hoje, de carne e osso, laborioso, lascivo
Tomas-me o corpo. E que descanso me dás
Depois das lidas. Sonhei penhascos
Quando havia o jardim aqui ao lado.
Pensei subidas onde não havia rastros.
Extasiada, fodo contigo
Ao invés de ganir diante do Nada.

(Do Desejo - Hilda Hilst 1992)



é só um trecho. ,)


sábado, 20 de setembro de 2008

faz tempo que eu não escrevo nada por aqui ou em papel algum. talvez seja pela minha falta de tempo ou de apetite por certas coisas. é, aquelas que antes alimentavam minha alma de uma forma surpreendente, e que agora não me servem mais. nem para me vestirem como roupas ou caírem como luvas.


há algum tempo que elas se escondem de mim. saem rindo com um certo deboche, um ar de superioridade.

terça-feira, 12 de agosto de 2008

agosto, o mês do desgosto. esse ano o céu não tá tão cinza, apesar das nuvens pretas e pesadas que volta e meia rondam por cima da minha cabeça. eu jogaria tudo pela janela, e tentaria alcançar os teu céus mais uma vez. mas isso seria uma grande bobagem. bem, é melhor deixar isso pra lá e voltar pra casa.
às vezes eu nem sei o que te falar..
é que é tanta coisa escondida nesses meus armários, e tá tudo cheirando a guardado.
sim, eu poderia pegar tudo e organizar, assim eu pelo menos saberia por onde começar..
e então, você entenderia todas essas coisas que ficaram tão presas por todo esse tempo.

quinta-feira, 24 de julho de 2008

"O barco saiu do porto puxado à sirga por mulheres entoando uma canção. Seu casco rangia, enquanto largas ondas fustigavam a proa. A vela virou; não se viu mais ninguém; e sobre o mar prateado pela lua o navio era uma mancha negra que foi empalidecendo até desaparecer.
Felicité, ao passar pelo Calvário, quis recomendar a Deus aquele que ela queria mais no mundo; rezou durante muito tempo, de pé, com o rosto banhado em lágrimas, os olhos voltados para as nuvens. A cidade dormia, os guardas passeavam; e a água caía continuadamente pelas aberturas da represa, com um barulho de torrente. Soavam duas horas."
Flaubert.

domingo, 13 de julho de 2008

eu sempre dizia a ele, que só consigo escrever quando estou triste.
pois bem, hoje não to conseguindo escrever mais.

domingo, 6 de julho de 2008

a noite de ontem foi estranhamente enbranquecida por uma névoa. eu não sei onde foram parar as estrelas naquele momento, eu só via a fumaça branca. mas sabe o que foi mais estranho que isso? encontrar outra alma. eu jurava pra mim mesma que quando a visse, seria como se milhões de agulhas infiltrassem em meus olhos, e eles queimariam. mas eu não o senti. não negarei que meu coração quis saltar pra fora. mas não me doeu. não me fez entorpecer os passos. eu continuei seguindo, e então ela veio me tocar os dedos. eu evitei. evitei que ela me olhasse, e que me roubasse a alegria de sorrir outra vez.
e os meus olhos não praguejaram. ,)

segunda-feira, 30 de junho de 2008

o papel de parede havia desbotado. tudo permanecia quente e úmido. fedendo a coisas envelhecidas. é disso que estou falando. envelheceu e enrugou. foi embora e eu nem percebi. mas a música continua tocando. e é tão suave. já me sinto distante do chão. flutuando com tanta leveza e doçura. o desenho que preguei na parede há alguns meses atrás não está mais lá. e eu quase me convenço de que foi você quem veio, sorrateiro como um gato, misterioso, silencioso e esquecido, e o tirou de lá. eu sei que eu não devia fazer um passado tão distante voltar de repente. porque as coisas não são mais as mesmas. e se aqueles sentimentos quebrados voltarem, faço o que com a solidão que me acompanha há tantos anos?

domingo, 29 de junho de 2008

das minhas paredes

dezessete e quarenta e três. quase um quarto de hora. ainda não comi nada o dia todo. o cansaço me consome. vai além de qualquer dessas quatro paredes. a noite passada foi cansativa e eu mal dormi. não me deixaram. pelo menos eu fiquei umas boas quatro horas naquela cidade fria. debaixo de um cobertor quentinho. seis pés. ah, se ele soubesse o que aconteceu naquela noite em que me deixou aqui sozinha. eu faria questão de vomitar todas as palavras que me engasgam. jogar tudo e te bater na cara. o culpado das paredes azuis. das minhas repetições.

domingo, 22 de junho de 2008

as palavras giraram em sua cabeça, os sentimentos se perderam no vazio do que um dia ainda chamaram de "coração". e tudo ficou cada vez mais confuso. fechou os olhos. pegou suas coisas e seguiu um caminho. não olhou placas. não se entendeu por certo ou por errado. pegou a direção contrária. o oposto. então, se perdeu em uma enorme tempestade e foi parar no mar.

quinta-feira, 19 de junho de 2008

Ele a viu sentada em uma escadinha qualquer daquela avenida. Sozinha.
- vendo o tempo passar?
- não.. eu estava pensando nos sentimentos.
Ele se sentou, e começou:
- bem, você não acha que seria mais fácil se você despejasse tudo, largasse assim.. pela estrada?
- não! isso seria bem mais difícil. pense comigo; eu tenho que dar tempo ao tempo, porque abandonar a caixinha em que guardo todos eles em qualquer lugar do caminho, doeria muito mais. e talvez, depois de deixá-los tão repentinamente.. isso seria bruto demais, e minha alma se sentiria presa a um vazio que não é necessário existir..
- mas e se você completasse, de alguma forma, esse vazio?
- eu não vejo porque me preocupar com algo que não precisa nascer em mim.. eu não o cultivaria até plantarem sementes novas nele. o certo a fazer agora.. bem, eu não diria o certo, mas o que está me fazendo melhor.. é apenas o tempo, e a distância. me distanciar.. isso!
- dos sentimentos?
- sim, também.. de tudo. me isolar numa bolha!
- se isolar numa bolha? hahaha
- sim.. você já viu aquele filme em que o menino..
- já, já! continue o que estava dizendo.
- tudo bem.. não! eu não quero mais falar disso! eu prefiro ficar sentada aqui.. e sozinha. pensando..




eu peguei todas as "memórias de algum" e guardei em uma pasta. eu não preciso deletar. eu posso apenas armazenar por tudo ter me feito tão bem naqueles momentos. ,)

sexta-feira, 13 de junho de 2008

fugir
correr pra bem longe dessa loucura
chutar tudo
chutar o mundo

desaguar no
pacífico.

fechar os olhos
dormir

desanuviar

esquecer do mundo.





(foram dias estressantes e cansativos em que, realmente, eu queria muito chutar o mundo. mas já passou.)

sexta-feira, 6 de junho de 2008

me incomodo com as cruzes à estrada
me incomodo com o mau cheiro das pessoas
como formol dos corpos num frasco de vidro
corpos em conserva.

faz arder os olhos.

eles agora lacrimejam
frágeis, as pálpebras
tremulam
praguejam.

o formol me fez fraquejar
e entorpecer os passos.

quinta-feira, 29 de maio de 2008

caio. meus dedos entorpecidos tateiam o chão gelado e úmido. a solidão vagueia entre quadros tortos. dizem que dá azar! a arte pelo todo. em paredes frias. o gato preto rodeia flores de plástico. derrubando tudo. destruidor! não precisa ir assim, com tanta sede ao pote. uma queda feia e brusca para a realidade! e esse som irritante. deixe de ser tão preguiçoso e abre teus olhos. agora, deitado no chão, me olha com seu olhar sonso. as patinhas abrindo e fechando... lenta mente. um espasmo e sua pupíla dilata. muda de posição e fica atento. todos os sentidos aguçados. por que esse olhar tão triste, Frida?

terça-feira, 27 de maio de 2008

Sonetos que não são

de Hilda Hilst

Aflição de ser eu e não ser outra.

Aflição de não ser, amor, aquela

Que muitas filhas te deu, casou donzela

E à noite se prepara e se adivinha

Objeto de amor, atenta e bela.

Aflição de não ser a grande ilha

Que te retém e não te desespera.

(A noite como fera se avizinha.)

Aflição de ser água em meio à terra

E ter a face conturbada e móvel.

E a um só tempo múltipla e imóvel

Não saber se se ausenta ou se te espera.

Aflição de te amar, se te comove.

E sendo água, amor, querer ser terra.

( Roteiro do Silêncio(1959) - Sonetos que não são - I)

sábado, 24 de maio de 2008

Para uma avenca partindo - Caio Fernando Abreu

Olha, antes do ônibus partir eu tenho uma porção de coisas pra te dizer, dessas coisas assim que não se dizem costumeiramente, sabe, dessas coisas tão difíceis de serem ditas que geralmente ficam caladas, porque nunca se sabe nem como serão ditas nem como serão ouvidas, compreende? Olha, falta muito pouco tempo, e se eu não te disser agora talvez não diga nunca mais, porque tanto eu como você sentiremos uma falta enorme dessas coisas, e se elas não chegarem a ser ditas nem eu nem você nos sentiremos satisfeitos com tudo que existimos, porque elas não foram existidas completamente, entende, porque as vivemos apenas naquela dimensão em que é permitido viver, não, não é isso que eu quero dizer, não existe uma dimensão permitida e uma outra proibida, indevassável, não me entenda mal, mas é que a gente tem tanto medo de penetrar naquilo que não sabe se terá coragem de viver, no mais fundo, eu quero dizer, é isso mesmo, você está acompanhando meu raciocínio? Falava do mais fundo, desse que existe em você, em mim, em todos esses outros com suas malas, suas bolsas, suas maçãs, não, não sei porque todo mundo compra maçãs antes de viajar, nunca tinha pensado nisso, por favor, não me interrompa, realmente não sei, existem coisas que a gente ainda não pensou, que a gente talvez nunca pense, eu, por exemplo, nunca pensei que houvesse alguma coisa a dizer além de tudo o que já foi dito, ou melhor pensei sim, não, pensar propriamente dito não, mas eu sabia, é verdade que eu sabia, que havia uma outra coisa atrás e além das nossas mãos dadas, dos nossos corpos nus, eu dentro de você, e mesmo atrás dos silêncios, aqueles silêncios saciados, quando a gente descobria alguma coisa pequena para observar, um fio de luz coado pela janela, um latido de cão no meio da noite, você sabe que eu não falaria dessas coisas se não tivesse a certeza de que você sentia o mesmo que eu a respeito dos fios de luz, dos latidos de cães, é, eu não falaria, uma vez eu disse que a nossa diferença fundamental é que você era capaz apenas de viveras superfícies, enquanto eu era capaz de ir ao mais fundo, você riu porque eu dizia que não era cantando desvairadamente até ficar rouca que você ia conseguir saber alguma coisa a respeito de si própria, mas sabe, você tinha razão em rir daquele jeito porque eu também não tinha me dado conta de que enquanto ia dizendo aquelas coisas eu também cantava desvairadamente até ficar rouco, o que eu quero dizer é que nós dois cantamos desvairadamente até agora sem nos darmos contas, é por isso que estou tão rouco assim, não, não é dessa coisa de garganta que falo, é de uma outra de dentro, entende? Por favor, não ria dessa maneira nem fique consultando o relógio o tempo todo, não é preciso, deixa eu te dizer antes que o ônibus parta que você cresceu em mim de um jeito completamente insuspeitado, assim como se você fosse apenas uma semente e eu plantasse você esperando ver uma plantinha qualquer, pequena, rala, uma avenca, talvez samambaia, no máximo uma roseira, é, não estou sendo agressivo não, esperava de você apenas coisas assim, avenca, samambaia, roseira, mas nunca, em nenhum momento essa coisa enorme que me obrigou a abrir todas as janelas, e depois as portas, e pouco a pouco derrubar todas as paredes e arrancar o telhado para que você crescesse livremente, você não cresceria se eu a mantivesse presa num pequeno vaso, eu compreendi a tempo que você precisava de muito espaço, claro, claro que eu compro uma revista pra você, eu sei, é bom ler durante a viagem, embora eu prefira ficar olhando pela janela e pensando coisas, estas mesmas coisas que estou tentando dizer a você sem conseguir, por favor, me ajuda, senão vai ser muito tarde, daqui a pouco não vai mais ser possível, e se eu não disser tudo não poderei nem dizer e nem fazer mais nada, é preciso que a gente tente de todas as maneiras, é o que estou fazendo, sim, esta é minha última tentativa, olha, é bom você pegar sua passagem, porque você sempre perde tudo nessa sua bolsa, não sei como é que você consegue, é bom você ficar com ela na mão para evitar qualqueratraso, sim, é bom evitar os atrasos, mas agora escuta: eu queria te dizer uma porção de coisas, de uma porção de noites, ou tardes, ou manhãs, não importa a cor, é, a cor, o tempo é só uma questão de cor não é? Por isso não importa, eu queria era te dizer dessas vezes em que eu te deixava e depois saía sozinho, pensando também nas coisas que eu não ia te dizer, porque existem coisas terríveis, eu me perguntava se você era capaz de ouvir, sim, era preciso estar disponível para ouvi-las, disponível em relação a quê? Não sei, não me interrompa agora que estou quase conseguindo, disponível só, não é uma palavra bonita? Sabe, eu me perguntava até que ponto você era aquilo que eu via em você ou apenas aquilo que eu queria ver em você, eu queria saber até que ponto você não era apenas uma projeção daquilo que eu sentia, e se era assim, até quando eu conseguiria ver em você todas essas coisas que me fascinavam e que no fundo, sempre no fundo, talvez nem fossem suas, mas minhas, e pensava que amar era só conseguir ver, e desamar era não mais conseguir ver, entende? Dolorido-colorido, estou repetindo devagar para que você possa compreender, melhor, claro que eu dou um cigarro pra você, não, ainda não, faltam uns cinco minutos, eu sei que não devia fumar tanto, é eu sei que os meus dentes estão ficando escuros, e essa tosse intolerável, você acha mesmo a minha tosse intolerável? Eu estava dizendo, o que é mesmo que eu estava dizendo? Ah: sabe, entre duas pessoas essas coisas sempre devem ser ditas, o fato de você achar minha tosse intolerável, por exemplo, eu poderia me aprofundar nisso e concluir que você não gosta de mim o suficiente, porque se você gostasse, gostaria também da minha tosse, dos meus dentes escuros, mas não aprofundando não concluo nada, fico só querendo te dizer de como eu te esperava quando a gente marcava qualquer coisa, de como eu olhava o relógio e andava de lá pra cá sem pensar definidamente e nada, mas não, não é isso, eu ainda queria chegar mais perto daquilo que está lá no centro e que um diadestes eu descobri existindo, porque eu nem supunha que existisse, acho que foi o fato de você partir que me fez descobrir tantas coisas, espera um pouco, eu vou te dizer de todas as coisas, é por isso que estou falando, fecha a revista, por favor, olha, se você não prestar muita atenção você não vai conseguir entender nada, sei, sei, eu também gosto muito do Peter Fonda, mas isso agora não tem nenhuma importância, é fundamental que você escute todas as palavras, todas, e não fique tentando descobrir sentidos ocultos por trás do que estou dizendo, sim, eu reconheço que muitas vezes falei por metáforas, e que é chatíssimo falar por metáforas, pelo menos para quem ouve, e depois, você sabe, eu sempre tive essa preocupação idiota de dizer apenas coisas que não ferissem, está bem, eu espero aqui do lado da janela, é melhor mesmo você subir, continuamos conversando enquanto o ônibus não sai, espera, as maçãs ficam comigo, é muito importante, vou dizer tudo numa só frase, você vai ......... ............ ............. ............ .......... ........... ............. ............ ............ ............ ......... ........... ............ ............ sim, eu sei, eu vou escrever, não eu não vou escrever, mas é bom você botar um casaco, está esfriando tanto, depois, na estrada, olha, antes do ônibus partir eu quero te dizer uma porção de coisas, será que vai dar tempo? Escuta, não fecha a janela, está tudo definido aqui dentro, é só uma coisa, espera um pouco mais, depois você arruma as malas e as botas, fica tranqüila, esse velho não vai incomodar você, olha, eu ainda não disse tudo, e a culpa é única e exclusivamente sua, por que você fica sempre me interrompendo e me fazendo suspeitar que você não passa mesmo duma simples avenca? Eu preciso de muito silêncio e de muita concentração para dizer todas as coisas que eu tinha pra te dizer, olha, antes de você ir embora eu quero te dizer quê.

quinta-feira, 22 de maio de 2008

a janela estava suja, mas não se importou com aquela poeira toda; sentou-se lá e prestou atenção nas cores. do lado de fora, a lua tentando ser a dona de um brilho que não era dela. as estrelas tentaram fazer parte de todo o conjunto. eles não deixaram que o chão sumisse com a escuridão. ela podia vê-lo bem, mas não sabia pra que lado cair. do lado de dentro, tudo meio amarelo-colorido. não entendia bem essas coisas de combinar aquelas cores, se tinham sido feitas para ela, ou se ao menos aquilo lhe servia. "compreenda-me, é uma decisão difícil.. pra que lado.. talvez deva escolher por...". "compreender? deixe que o corpo escolha e caia logo duma vez!". "eu não deixaria que o meu corpo escolhesse por mim.. quem sabe eu não deva pensar muito nisso e escolher ficar em cima da janela.. é! talvez seja isso!". permaneceu lá por alguns instantes. logo se conformou de que uma queda dura na escuridão seria bem menos doída que manchar aquele colorido com seu pretobranco.

domingo, 18 de maio de 2008

desbotado.

não me importo mais com podridão ou com o mau cheiro. toda doçura do meu coração se desbotou e o vento frio roubou o seu lugar num pulo tão rápido que nem vi. e to achando bem melhor assim; engolir a solidão a seco, fumar todo o amor, deixar queimar. as coisas começaram a se desbotar, até o céu ficou cinza. daqui do meu buraco eu só sinto o meu próprio fedor, a minha podridão. eu só preciso do meu próprio nojo por esse mundo podre. me escondendo de tudo dentro da solidão. mesmo que tudo isso doa, eu não vou sangrar mais. não quero mais a tristeza machando os meus dias nas árvores que recortam o céu, e vejo daqui, você com metade de um coração desbotado. por favor, se não for mais fazer uso dele, devolva-me. antes cair de joelhos do que pular da janela~

quarta-feira, 14 de maio de 2008

Sem rastro.

Depois de alguns passos pelas calçadas, e até atravessar algumas ruas, numa distância de mais ou menos um quilômetro, eu cheguei. Lá embaixo, tudo em seu lugar. Meu coração acelerou ao pensar em como aquele mesmo lugar em que vivemos, sorrimos, falamos e sentimos, estaria. Subi as escadas tentando imaginar tudo vazio, minha vida, meu coração, e aquele lugar sem você. Ao abrir a porta, me deparo com um nada. Nem um bilhete, nenhuma lembrança tua.. apenas minhas coisas jogadas no chão.

domingo, 11 de maio de 2008

Meu coração desabou em prantos, a rocha sólida se quebrou em vários pedaços, "como um anel de vidro que alguém não cuidou". O que era pra um dia ser inquebrável, tornou-se totalmente frágil. "É inútil, é inútil ficar se remoendo por isso", penso naquelas coisas que até ontem foram tão bobas e lindas, e que agora me matam! E para cada lado que olho, vejo seu coração estampado nos dias que foram tão alegres e risonhos.
Ainda não faz nem um dia que você não abraça meu coração e a carência já é tão grande que me sufoca, me agoniza!
Aquela tristeza toda voltou e já se alojou no canto esquerdo do meu peito com toda a sua amargura e dor. Vai me queimando por dentro, dilacera meu coração e me faz sangrar. Me suga o sangue como nunca fez antes.
Volta amor, e suga toda essa dor de dentro da minha alma.

terça-feira, 6 de maio de 2008

passaram-se os meses belos
de flores e céus tão coloridos e doces.


e então, ele disse:
- primavera, tudo nasce.. verão vai passando.. outono tudo seca, e inverno.. as folhas caem.


acho que eu mereço mais do que num outono cinza todas as flores secarem,
e num vento frio de inverno cortante, caírem.

---------------------------------------------------------------------------------------------


"Esta é a hora de jogar uma garrafa em todos eles", pensei. Peguei uma garrafa e... enchi meu copo até a borda.
"...Não, é melhor ficar aqui sentado até o fim!", continuei a pensar. "Os senhores ficariam contentes se eu fosse embora. Por nada neste mundo! De propósito vou ficar aqui sentado e beber até o fim para mostrar-lhes que não dou a mínima importância aos senhores. Vou ficar aqui sentado e beber, porque isto aqui é um boteco e eu paguei para entrar. Vou ficar sentado e beber, porque para mim os senhores não passam de fantoches, fantoches que não existem. Vou ficar sentado e beber... e cantar, se eu quiser, é isso, senhores, e cantar, porque tenho esse direito... de cantar... hum".
Dostoiévski

segunda-feira, 7 de abril de 2008

entre lágrimas e lamentações, encontro o seu olhar frio.
pegou o meu coração com a mão esquerda e o esmagou.
sem nenhuma dó, fez o sentimento virar pó,
e toda aquela doçura foi embora assim como veio.

terça-feira, 18 de março de 2008

que dessa vez eu sei bem das cores
que eu sinto bem.

agora o sentimento pode pulsar
ser firme
e correr entre essas veias.


(aí eu volto àquela cena em que um pergunta:)
- em que tá pensando?
- em beijar teus olhos e sorrisos, em te ter mais e mais..

e depois disso, ele ficaria quieto, me olhando..
olhando meus "olhos lindos"
e "cílios lindos"

e aí, seria minha vez:
- e você.. tá pensando em quê?

o silêncio tomaria nosso espaço mais uma vez.
ele olharia pra minha pintinha na bochecha.. diria que adora ela.
e beijaria meus olhos.. me fazendo sorrir.
e então beijaria meus sorrisos.
é, ele faria isso!
com todo o amor.

domingo, 16 de março de 2008

Que canto há de cantar o que perdura?

A sombra, o sonho, o labirinto, o caos

A vertigem de ser, a asa, o grito.

Que mitos, meu amor, entre os lençóis:

O que tu pensas gozo é tão finito

E o que pensas amor é muito mais.

Como cobrir-te de pássaros e plumas

E ao mesmo tempo te dizer adeus

Porque imperfeito és carne e perecível

E o que eu desejo é luz e imaterial.

Que canto há de cantar o indefinível?

O toque sem tocar, o olhar sem ver

A alma, amor, entrelaçada dos indescritíveis.

Como te amar, sem nunca merecer?

(Da Noite - 1992)



coisa mais linda.

terça-feira, 11 de março de 2008

os dias em que fico sozinha por aqui, são terríveis.
completa agonia.
o coração aperta e o silêncio sufoca.

sexta-feira, 7 de março de 2008

Eu lhe doei minha alma. E tudo que me faz sentir é só a solidão.
Fria e dura. E o coração me pedindo. Implorando. Gritando.
Mas eu não quero. Eu não quero largar tudo.
Eu não quero deixar.
O sentimento, sobrevoando milhares de corações.
E tu me chamando.
Eu não posso. Eu não posso com esse sentimento.
Com essa voz. Essa alma que sempre vem me roubar o coração.
E um dia vai embora.

terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

naquele dia; amortecida nos teus braços, abraços
nos teus carinhos,
o toque tão suave,
suas mãos leves e perfeitas.
eu eternizei aquele momento,
as palavras,
o afeto..

o mundo poderia derrubar todo o seu peso sobre nós dois
que aqueles segundos não virariam pó.


"sou eu o seu paradeiro, em uns versos que eu escrevo
e depois rasgo."

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

do que adiantaria todo ódio, toda dor e o suor, se o que ela gosta é de sofrer?
e a vida? e aquela paixão toda, o que se fez dela?
o que foi do céu e das palavras tão doces, tão amáveis?
tão sentimento, tão coração.
a falta que faz o meu céu amor tocando o teu azul-mar é tremenda que mal posso suportar.
ficou só o sufoco, a angústia e a saudade.

domingo, 17 de fevereiro de 2008

[...] compreenda-me, faço um tremendo esforço de me levantar novamente para não me espojar mais, para não continuar apenas sofrendo ou queimando. [...]

Anaïs Nin.



é um esforço ficar e ver tudo cair sobre mim.
carregar o peso da consciência sozinha, é difícil!
será que depois de tudo isso consigo levantar?

sábado, 16 de fevereiro de 2008

um dia de segredos e mentiras.
bem feitos, bem contadas. bem mentidas.

domingo, 10 de fevereiro de 2008

a música entra na cabeça, o balanço te embala e fica.
meu pés se cansaram dos passos errados.
dos calos.
da repetição.
eles finalmente estão encontrando o caminho certo da dança~

sábado, 9 de fevereiro de 2008

eu acho que um ano e alguma coisa já me bastou!
cansei, viu. cansei!
e de verdade, agora.

tá, parei.

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

não sei como falar. só me lembro de quando tu mordia o meu vestido, e de como isso me dava agonia. mas a carinha que você fazia era tão.. que eu nem me importava.
aí, você mordia as minhas costas e eu falava "para!". você ria e me beijava.

- tarde bela, não?
- éé.
- em que tá pensando?
- em como essas cores são bonitas.
- hmmm..
- e você?
- que daqui a pouco elas não serão mais tão bonitas assim.
- é?
- você não se importa, né?
- na realidade, não muito.
- imaginei.
- por que você pensa tanto nisso?
- eu não penso tanto! só não entendo como você pode não perceber..
- é claro que eu percebo! mas eu procuro não me importar..
- então nem se esforçe mais.

e só pensava naquelas tardes e cores tão bonitas. no teu beijo, diferente. nas caras que você fazia. como tudo isso iria acabar.

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008

"Entre por essa porta agora, diga que me adora
Você tem meia hora pra mudar a minha vida.
Vem, vambora! [...]"


essa música é linda. (:

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008

e que os sentimentos se tornem frios e duros.
que o coração não se acabe em prantos.
que se torne rocha sólida. inquebrável. infiltrável.

aquela fragilidade toda já se cansou.
tá pegando as suas coisas e acenando adeus.

terça-feira, 5 de fevereiro de 2008

desculpa se a minha timidez te incomoda, mas é que com essa sua vergonha estampada na cara de dar o braço à torcer e voltar atrás, fica difícil eu não me esconder por de trás dessa máscara.

(sabe que hoje prefiro muito mais quem mostra o pé, assim, sem vergonha nenhuma.)

quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

- eu ganhei.. aquele pouco de tempo que tanto precisava!
- e te adiantou em algo?
- pra ser sincera?
- é..
- não! acho que só piorou as coisas..
- fora?
- dentro!
"[...]Você não vê que êsse exemplo também não serve? Se você é simples você tem que contar uma pequena estória simples, de uma forma simples. Então vou começar: era uma vez um rato que tinha muita vontade de subir um muro. Muito bem, e depois? Êle tentava, tentava, mas o muro era muito alto e as pedras do muro muito lisas. Nas noites, êle ficava junto ao muro e levantava a cabecinha para ver se era possível a escalada. Era possível? Para dizer a verdade, não era, mas o rato não compreendia. E daí? Daí ele passou a vidinha inteira olhando para o muro e muitas vêzes êle dormia de cansaço, lógico, mas no sonho êle subia o muro. Aí era uma beleza, lá em cima tudo era maravilhoso, mas acontece que êle sonha todas as vêzes que dorme e depois de algum tempo o sonho torna-se angustiante porque êle já viu tôda a paisagem, há montanhas, rios, árvores, diferentes espécies de animais e êle sente que tudo isso é apenas uma pequena parte de um mundo nôvo, que devem existir outras coisas ainda mais belas e ai êle deseja... Ter asas? Não. Êle deseja, no sonho, que o muro fique mais alto, êle nem pensa em ter asas, minha querida, êle é um rato. Escute, você sabe que os animais têm alma? E que a alma de um animal quando se desprende do corpo vai para um lugar muito bonito e fica ali durante algum tempo, conforme a afeição do seu antigo dono? Como assim? Você tem um cão, êle morre, você não o esquece jamais e, nesse caso, êle ficará ali eternamente. Ali onde? Naquele bonito lugar. E no dia em que eu não me lembrar mais dêle? Êle se reencarna. Então é melhor que a gente se esqueça, assim o nosso cão terá a chance de uma nova vida. Não sei, não sei, eu acho que seria melhor que êle ficasse naquela espécie de limbo. Ah... é assim que você tem vontade de ser, não é? Você não quer lutar, você quer existir sob a proteção de uma memória, e ao mesmo tempo ficar no seu canto. Bela merda. [...]"

Hilda Hilst.

quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

"[...] Morreu do quê? De saudade. De tifo. As menininhas morrem muito de saudade e de tifo. Que idéia! Olha o retrato dêsse homem tão gordo, olha as palavras gravadas: saudades imensas, imorredouras, da sua espôsa e filhos. Êle devia ser rico, é tudo de mármore côr-de-rosa, vê, vê só o tamanho das estátuas de Jesus Maria José. O irmão pederasta disse: era um homem que fornicava às tardes nos bons bordéis da cidade, tinha um negócio de tecidos, não, de frigoríficos, dormia de cuecas e bôca aberta, rosnava para os lados assim que acordava, a mulher o traía em sonhos com o sócio da firma, à noite êle chegava limpando o rosto com o lenço, tirava os sapatos e tomava uma cerveja antes do jantar. A mulher dizia: então que fizeste? Êle respondia: gaste menos, gaste menos, o mercado não anda bom. Comiam em silêncio e algumas vezes na hora de fornicar êle batia nas coxas da mulher e repetia: gaste menos, coma menos, o mercado não anda bom. E as banhas dêle desabavam sôbre ela. Ela chorava de madrugada, pensava na mãe, naquele namorado frágil de camisa aberta no peito, e pensava também na casa onde ela morou quando criança, uma casa tôda azul, frente para o mar. Meu Deus, que estória horrível. [...]"

Hilda Hilst.

sábado, 26 de janeiro de 2008

e eu tive a leve impressão de que já havia lido aquele livro antes.
as palavras ocultas, subentendidas.
as rimas, os versos.
e tudo o que te compõe.

(?)

se eu tivesse um pouco mais de tempo...
talvez eu pudesse ajeitar as coisas.

e tudo ficaria mais.. claro

quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

.

eu não entendo como algumas pessoas podem apenas fingir que não tem nada com isso. ou que não tem culpa.
para! ninguém aqui precisa fingir, muito menos se esconder.

aah, talvez tudo que eu precise seja só respirar um pouco.

domingo, 13 de janeiro de 2008

é o que o tempo leva.

- e eu só queria entender. pelos fatos, pelas coisas jogadas..
- por tudo o que eu já tinha superado, é? e pelas lembranças que você insiste.. aliás, por que diabos você insiste nisso?
- porque você é como um furacão.
- é, é estranho ficar em silêncio quando tudo o que eu quero fazer é soltar tudo.
- gritar e espernear feito uma criança mimada?
- é, é que o tempo já não tá me fazendo efeito. é que a distância não me sufoca mais, entende?
- entendo. é que tudo o que tu sentia, o vento levou.
- e o que eu sinto é novo, muito novo. como um dia tudo isso foi.
- é que tudo um dia, fica velho, e a gente esquece.
- mas como a gente pode simplesmente esquecer uma coisa tão..
- tão nada, tão nada!
- você é que nunca esqueceu.
- eu ainda queria entender, pelos fatos, por que tu deixou as coisas tão jogadas!

sábado, 12 de janeiro de 2008

teu silêncio junto ao meu.

Tu vai embora. Eu te sigo, insisto, irrito. Tu não me fala nada, nenhuma palavra, nenhuminha. Você me diz o teu silêncio. Aquele, que não entendo. Que quer dizer tu assim, nesse teu silêncio agonizante? Que quer de mim?
Nada. Não quero nada. Só quero teu silêncio junto ao meu. Quero as palavras ocultas. Quero-as escondidas, dentro de ti. Isso, assim. Melhor. Desse jeito não dói o coração. Mas as palavras, aquelas que sempre surgiram de dentro de mim e ti. Confesso que gostava, é do outro jeito. Gostava. Pois agora desgosto, assim, sem nem um porquê.